Todos os dias, de segunda a sexta, por volta das oito e meia, aqui estou eu, mais uma vez. Aqui, na ESPAM. Um espaço algo contraditório. É aqui que sou forçada a interromper os meus sonhos, ao ter de acordar cedo, mas é também graças a este lugar que os vou conseguir alcançar.
O antigo cheiro a giz é agora substituído pelo cheiro das canetas permanentes que deslizam pelos quadros brancos, traçando letras, números e esquemas que proporcionam aos alunos momentos de aprendizagem que jamais serão apagados dos nossos cérebros.
Sinto os calos a nascer, de tanto escrever, esforçando-me por não perder nada, e os cortes nos dedos a aparecer, por tanto esvoaçar pelas páginas de infinita informação que força a entrada na minha cabeça, no que se assemelha a um furacão.
O tilintar da campainha, que já não ouço desde o sexto ano, foi também reduzido ao som de cadeiras a arrastar e ao de adolescentes a rir, ansiosos por aqueles dez minutos de descanso… Aqueles meros minutos que, apesar de escassos, se tornam uns dos mais marcantes no nosso período escolar.
Estamos a aproximar-nos do final do ano e, portanto, já começo a saborear algumas das guloseimas que temos o prazer de degustar nas, tão esperadas, “festas” das lições cem ou cento e cinquenta.
Vejo os anos a passar. Vejo-me no fim do penúltimo ano nesta escola, da qual guardo tantas memórias, desde as amizades às tardes passadas a estudar. Vejo-me prestes a levantar voo de um porto seguro e a aterrar num lugar desconhecido (a universidade), o que tanto me vai custar a habituar.
Concluindo, a ESPAM é um espaço de que irei guardar memórias, umas melhores e outras piores, que ficarão para sempre eternizadas no meu coração.
Maio de 2023
Mariana Inverno, 12.º B/F, ESPAM-AESA
Profª Saudade Mestre
Jornal 846 – Janeiro de 2024