No âmbito das comemorações do 40.º aniversário da ESPAM e 10 do AESA, ocorridas a 28 de novembro de 2023, foi atribuído pela Diretora do AESA, prof.ª Manuela Teixeira, um outro patrono, nomeadamente ao Auditório da ESPAM, que passou a designar-se Auditório Professor Mário Primo.
Aqui vos deixamos breves pinceladas sobre algumas das `marcas’ que o nosso homenageado – professor Mário Primo – nos vai deixando, nesta nossa comunidade educativa.
Mário Primo inicia em 1975 a carreira docente, que há de durar 45 anos, deixando para trás um curso de Arquitetura interrompido no quarto ano pela Revolução de Abril.
Instala-se nesta região, que conhece e frequenta desde 1969, acompanhando o nascimento do Centro Urbano de Santo André e do complexo de Sines. Inaugura e dirige, por alguns anos, o Ciclo Preparatório de Santo André onde realiza atividades artísticas com os alunos como forma de ocupação dos seus tempos livres e complemento da formação escolar. A partir de 1983, estrutura uma oficina de Expressão Dramática e um grupo de teatro, o TEATRIL.
Em 1988, regressa de dois anos de estágio em Odemira onde cria também um grupo de teatro na escola e aceita uma proposta de ex-alunos, agora já da recém-criada Escola Secundária de Santo André, para formar um grupo de teatro. Foi a 3 de outubro e o grupo chamou-se GATO SA. Na reunião fundadora, o grupo definiu como principais propósitos a pesquisa e a experimentação teatrais de onde resultariam alguns espetáculos destinados, não apenas à escola, mas à população que aqui se ia desenvolvendo, contribuindo, assim, para a descoberta de uma identidade cultural dos que aqui residiam.
Com uma visão singular, os projetistas dotaram Santo André de características urbanas arrojadas e equipamentos singulares como a Escola Secundária. A possibilidade de dispor de um auditório para as suas atividades estimulou, desde o início, o desenvolvimento de um trabalho ambicioso, de grande exigência e ambição que de pronto deu bastante notoriedade ao grupo de teatro e à sua escola. O auditório foi um incentivo muito importante para a afirmação do GATO SA e este foi-o dotando de características técnicas de uma sala de espetáculos e de sala de visitas desta cidade.
Em 1990, o GATO SA foi convidado a organizar o XI Encontro de Teatro na Escola que reuniu, na ESSA [escola Secundária de Santo André], 15 grupos de outras tantas escolas oriundas das mais variadas zonas do país, até de uma escola de Macau.
Em 1992, o Ministério da Educação, no seu livro A OUTRA FACE DA ESCOLA, já distinguia a ESSA pela presença do GATO e da sua atividade.
Em 1994, o GATO SA ganhou o 1º prémio num Festival de Teatro Vicentino aberto às escolas do país e organizado pela BARRACA.
Em 1998, foi a Presidência da República a distinguir o grupo, num evento dedicado ao ensino artístico em Aveiro, e com a visita do Presidente Jorge Sampaio às instalações do CAPAG em Santo André. No mesmo ano, a RTP 1 realizou um programa sobre o ensino do Teatro na ESSA e sobre o GATO SA. Ainda em 1998 o grupo participou com um espetáculo na EXPO 98 e foi depois selecionado para voltar a representar no dia de encerramento com a presença do Ministro da Educação.
Por esta altura, o GATO SA era já sobejamente conhecido; havia desenvolvido uma linguagem própria, viajava por dezenas de localidades do país com os seus espetáculos e essa experiência foi publicada no livro ENCONTROS DE TEATRO NA ESCOLA, HISTÓRIA DE UM MOVIMENTO de Tito Agra Amorim.
De então para cá, o GATO SA – e o auditório da ESPAM – deram origem a uma intensa e plurifacetada dinâmica teatral que deu a esta pequena cidade o estatuto de terra de Teatro onde se têm realizado eventos sem paralelo na região e no país.
Nem sempre “o hábito faz o monge”, mas o auditório da ESSA enquadrou e sustentou o entusiasmo de um punhado de notáveis alunos que foram capazes de se assumir como embaixadores da juventude desta terra e seguidores da ambição dos seus criadores.
Resta-nos acrescentar – em uníssono – “Obrigada, Mário Primo!”
Jornal 848 – Fev 2024
